Moraes é quem deveria estar sendo julgado

Segundo Dantas, o processo movido contra Bolsonaro é marcado por fragilidades gritantes: ausência de provas consistentes, erros jurídicos e uma condução política travestida de legalidade. Esses elementos, somados à omissão de parte da mídia e da comunidade jurídica, criam um ambiente propício para abusos de poder que passam a ser tratados como “normais”.

O depoimento explosivo de Eduardo Tagliaferro

A denúncia feita por Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, é talvez a peça mais grave desse quebra-cabeça. Em depoimento no Senado, ele afirmou ter presenciado fraudes processuais diretamente relacionadas a operações chanceladas por Moraes.

Um exemplo emblemático seria a operação de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas em 2022. De acordo com Tagliaferro, a ação teria sido montada de forma irregular: mensagens privadas de WhatsApp foram vazadas e publicadas pelo portal Metrópoles, e, com base apenas nessa reportagem, Moraes teria autorizado a operação em 23 de agosto daquele ano. O mais escandaloso é que a fundamentação jurídica para o pedido só apareceu cinco dias depois, em 27 de agosto, numa clara inversão processual.

O ex-assessor contou ainda que recebeu ordens diretas de colaboradores de Moraes para “construir uma história” retroativa, a fim de justificar a medida. Temendo ser alvo de represálias, chegou a esconder documentos comprometedores e até dormiu dentro do próprio carro para evitar ser surpreendido por uma operação contra si mesmo.