Denúncia de Tagliaferro contra Moraes mostra fraude, caça à direita e conluio com militantes

Hoje, vivendo exilado na Itália por temer represálias, Tagliaferro se apresenta como um delator que rompeu com o sistema por não compactuar mais com os abusos que presenciou. Durante sua participação na 24ª reunião extraordinária da Comissão de Segurança Pública do Senado, realizada de forma remota, ele expôs o que chamou de “Arquivos do 8 de Janeiro”: um conjunto de documentos e relatos que detalham ilegalidades na condução da eleição de 2022 e nos processos posteriores que miraram políticos, empresários e cidadãos comuns identificados como apoiadores de Bolsonaro.

Fraudes processuais e manipulação de investigações

Uma das denúncias mais graves feitas por Tagliaferro é que Moraes “montava processos ao inverso”. Isso significa que primeiro se tomavam medidas drásticas — como buscas, apreensões e bloqueios de contas — e só depois eram fabricadas as justificativas jurídicas para sustentá-las.

Segundo o perito, havia até contato prévio e frequente com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, para articular estratégias e dar aparência de legalidade a decisões que, na prática, já estavam previamente tomadas. O próprio Tagliaferro afirma possuir provas documentais de tais práticas, que teriam sido validadas por um perito independente.

Se isso se confirmar, não estaríamos diante apenas de erros técnicos, mas sim de uma engenharia jurídica voltada para perseguir adversários políticos — um atentado direto ao Estado Democrático de Direito.