Já Moraes sustenta que os relatórios foram solicitados dentro da ordem legal, com base em procedimentos regimentais — com vistas a municiar investigações sobre milícias digitais e desinformação eleitoral. Segundo ele, o pedido foi oficialmente formulado em 19 de agosto e a juntada nos autos ocorreu em 29, sem praça para irregularidades.(Migalhas, G1)
4. Contexto político e repercussão institucional
A audiência de Tagliaferro ocorreu simultaneamente à fase final do julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro — um timing que gerou forte repercussão. Parlamentares aliados de Bolsonaro consideraram o depoimento como potencial termo de desagregação do processo judicial em curso. Senador Flávio Bolsonaro chegou a propor encaminhamentos contra Moraes por suposta parcialidade.(Senado Federal)
Em paralelo, o procurador-geral Paulo Gonet denunciou Tagliaferro ao STF por graves infrações, incluindo tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e vazamento de informações sigilosas — uma resposta que reforça a retórica de que o ex-assessor estaria comprometendo a lisura institucional ao expor documentos internos.(CartaCapital, G1)
5. A versão oficial: limites e fissuras
Moraes apresentou uma versão elegante e tecnicamente respaldada. No entanto, sua narrativa não convence todos os setores da sociedade. Para parte da opinião pública e mesmo de analistas jurídicos, a sequência cronológica dos fatos – com relatórios posteriores aos acontecimentos — é incompatível com o que se espera em um processo judicial. A falta de transparência adicional e o silêncio sobre liberação dos documentos reforçam os questionamentos.(Metrópoles, Senado Federal)
Além disso, o contexto geral em que essas ações ocorreram — sob a condução de um ministro com concentração de poderes — exacerba a preocupação com o arbítrio institucional. Para esses críticos, a retórica de “milícias digitais” e “defesa da democracia” teria ocultado práticas que beiram a judicialização de disputa política.
6. Caminhos adiante
A denúncia e a resposta institucional inauguram um campo que vai além do embate retórico — a existência de mecanismos de apuração com ampla participação do Congresso é essencial. A possibilidade de abertura de uma CPI ou ao menos uma sindicância no Senado pode trazer à luz os documentos e os procedimentos ocultos até então.(Senado Federal)